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Crises e falas de Janja ajudaram Lula a perder um milhão de seguidores em seis meses, entenda

Desgaste silencioso: Lula perde um milhão de seguidores em meio a crises digitais

Nos últimos seis meses, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrentou uma queda expressiva em suas redes sociais. De acordo com levantamento da consultoria Ativaweb, os perfis oficiais do petista no Instagram e no Facebook perderam, juntos, cerca de um milhão de seguidores. Embora a perda pareça gradual, especialistas apontam que ela reflete um desgaste político crescente, impulsionado por falhas de comunicação, escândalos e declarações polêmicas da primeira-dama, Janja Lula da Silva.


Crise do INSS expôs vulnerabilidade e custou 240 mil seguidores em abril

O maior impacto aconteceu em abril, quando o governo foi diretamente associado a entidades envolvidas em fraudes com o INSS. A operação da Polícia Federal, que revelou o esquema, gerou mais de 3 milhões de menções em menos de 24 horas. Segundo o portal PlatôBR, 79% das interações online foram críticas — com termos como “roubo”, “omissão” e “despreparo” ganhando força. Para Alek Maracajá, professor da ESPM e CEO da Ativaweb, a demora na resposta do governo contribuiu para o agravamento da crise. “Enquanto memes e fake news se espalhavam, o Planalto não reagia”, avaliou.


Aumento e recuo do IOF ampliaram narrativa de instabilidade econômica

Em maio, o governo sofreu novo desgaste após anunciar um aumento do IOF que foi parcialmente revogado no mesmo dia. A reviravolta não passou despercebida: 89% das menções ao presidente Lula nas redes sociais sobre o tema foram negativas, segundo dados da Palver. O episódio reforçou a ideia de um governo instável e alimentou o discurso da oposição de que “o povo está pagando a conta”. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também sofreu críticas, reforçando o desgaste da equipe econômica.


Nordeste começa a mostrar sinais de desgaste com o governo Lula

A rejeição nas redes, tradicionalmente mais concentrada no Sul e no Sudeste, começou a crescer no Norte e no Nordeste — regiões historicamente favoráveis ao PT. O levantamento da Ativaweb indica que 28,4% das críticas partiram do Nordeste, seguido pelo Norte (20,3%) e o Sudeste (18,7%). Para analistas, esse movimento é preocupante: indica que até os redutos mais leais ao lulismo estão começando a demonstrar impaciência com o rumo do governo e sua comunicação nas redes.


Janja se torna alvo nas redes após falas sobre TikTok e China

Outro fator que acentuou o desgaste digital do governo foi a atuação da primeira-dama. Em maio, durante um jantar com Xi Jinping, Janja teria feito críticas ao TikTok, o que gerou 73% de rejeição nas redes sociais. Em seguida, em entrevista a um podcast da Folha de S. Paulo, defendeu uma regulação das redes inspirada na China, citando inclusive prisão para descumprimento de regras. O resultado: 154 menções por 100 mil mensagens no WhatsApp — a maioria com críticas. A hashtag #EstouComJanja, lançada pelo PT para defendê-la, teve pouco alcance.


Governo perde força simbólica nas redes e oposição ganha espaço

Para o consultor Luis Fakhouri, o conjunto das crises — do INSS ao IOF, passando pelas falas de Janja — fortaleceu a percepção de que o governo estaria flertando com modelos autoritários. A narrativa tem sido explorada com frequência pela oposição, que apresenta Lula como alguém alinhado aos interesses chineses e avesso à liberdade de expressão. No ambiente digital, onde a viralização dita o humor do eleitorado, cada tropeço da comunicação oficial tem custo alto — e, como mostram os números, o desgaste segue em ritmo acelerado.