Olha só o que Bolsonaro disse sobre o tarifaço de Trump, eu não c… Ver mais

Bolsonaro sugere anistia como solução para tarifaço de Trump contra o Brasil
A crise comercial entre Brasil e Estados Unidos ganhou novos contornos após uma declaração polêmica do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Neste domingo (13), ele sugeriu que a concessão de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro poderia ser a chave para evitar a taxação de 50% anunciada por Donald Trump sobre produtos brasileiros exportados aos EUA.
A fala, publicada nas redes sociais, causou forte repercussão política em Brasília e levantou debates sobre o peso das decisões domésticas na diplomacia internacional. Segundo Bolsonaro, a anistia seria um gesto de pacificação institucional que poderia influenciar diretamente o posicionamento do ex-presidente americano.
“A solução está nas mãos das autoridades brasileiras. Em havendo harmonia e independência entre os Poderes, nasce o perdão entre irmãos e, com a anistia, também a paz para a economia”, escreveu.
Trump relaciona tarifas a processos contra Bolsonaro
O governo norte-americano, sob liderança de Trump, anunciou a medida como retaliação a processos judiciais movidos contra Bolsonaro e a ações brasileiras que, segundo ele, afetam empresas de tecnologia americanas — as chamadas “big techs”.
A nova tarifa, que deve entrar em vigor em 1º de agosto, foi recebida com preocupação pelo setor industrial brasileiro. A medida afetaria diretamente setores como agronegócio, mineração e alimentos processados, que têm forte presença no comércio exterior com os Estados Unidos.
O governo Lula reagiu com firmeza. “O Brasil não aceitará ser tutelado”, afirmou o presidente. Já o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, anunciou que um decreto de retaliação comercial já está em elaboração e pode ser publicado até esta terça-feira (15).
Congresso dividido sobre proposta de anistia
A proposta de anistia, defendida por parlamentares aliados ao ex-presidente, enfrenta forte resistência no Congresso Nacional. O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante, chegou a protocolar um pedido de urgência para votação do projeto, mas a iniciativa ainda não foi acolhida pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Em nota conjunta, Motta e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), reforçaram que respostas diplomáticas e comerciais devem ser tratadas pelo Executivo, e não por medidas que envolvam impunidade ou negociação de caráter político.
Mesmo assim, a base bolsonarista segue pressionando. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, declarou à imprensa que a votação da anistia seria “um sinal de pacificação interna” capaz de influenciar Trump a recuar das tarifas.
Crise expõe os limites entre política interna e relações internacionais
A declaração de Bolsonaro cruza uma linha sensível entre soberania nacional e pressão externa. Ao vincular a anistia interna à retirada de sanções comerciais de outro país, o ex-presidente acendeu um novo alerta: até que ponto processos judiciais domésticos podem afetar a economia global?
Especialistas em direito internacional e comércio exterior apontam que o episódio representa um precedente perigoso, pois mistura interesses jurídicos com tratados comerciais. Além disso, o tempo para uma solução diplomática está se esgotando: com o recesso parlamentar se aproximando e o prazo de Trump fixado para o início de agosto, as próximas semanas serão decisivas para o futuro dessa crise.